Lição 06 - 2ºtri A crise existencial e a necessidade de aceitação



Lição 06 - A crise existencial e a necessidade de aceitação

A CRISE EXISTENCIAL E NECESSIDADE DE ACEITAÇÃO

TEXTO ÁUREO
E o segundo, semelhante a este é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” Mc 12.31

VERDADE APLICADA
A melhor maneira para se demonstrar amor ao próximo é estando bem consigo

OBJETIVOS DA LIÇÃO
  • Mostra a necessidade do autoconhecimento;
  • Explicar o que é aceitação;
  • Apresentar o que Deus faz na vida de quem ama o próximo com a si mesmo.

TEXTO DE REFERÊNCIA

Rt 11.8 – disse Noemi às suas duas noras: ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usaste com os falecidos e comigo.
Rt 11.12 – Tornai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido, e ainda tivesse filhos,
Rt 11.14 – Então, levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou sogra; porém Rute se apegou a ela.
Rt 11.16 – Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, onde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus.
Rt 11.17 – Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

INTRODUÇÃO
Estaremos abordando, nesta lição, as diversas questões acerca de uma crise existencial, quando a vida que se apresenta sem motivos, sem alegria, ou ainda numa linguagem coloquial, “sem graça”. Muitas pessoas, a despeito da posição que ocupam na sociedade, têm dificuldade de aceitação e, por isso, vivem suas vidas de forma sombria e sem prazer. No entanto, quando descobrem o quanto podem ser importantes para um determinado projeto, mudam as suas vidas e a dos que estão a sua volta.

Todas as vezes que o ser humano tenta viver dissociado de Deus, mergulha numa profunda crise existencial. O que é crise existencial: “Estado emocional em que o ser humano vê a própria vida sem sentido ou significado”. Ela causa nas pessoas um profundo sofrimento que só é resolvido quando a pessoa encara o seu real sentido na vida. Quando a sua vida se encontra sem rumo ou sentido você estará englobado nesta doença que tem causado perturbação e insônia a milhares de pessoas nesses tempos modernos.

1. SENTIMENTO DE ACEITAÇÃO
No momento da concepção o indivíduo, já pode experimentar o seu primeiro sentimento de aceitação (Jr 1.5). Isso dependerá do desejo da mãe que, mesmo que ainda não tenha tido contato com o dito filho, poderá desenvolver um sentimento positivo ou negativo em relação ao novo ser. O desejo da mãe poderá definir qual será a real importância do filho para ela e para o pai, em que momento ele está chegando e o que irá significar para eles (Lc 2.27-30).

1.1. Homem, um ser totalmente dependente
Dentre todas as espécies de animais existentes, o ser humano é o único que nasce em completa dependência de quem será responsável para cuidar dele. Do desenvolvimento dessa relação, irá depender como esse indivíduo se comportará em relação ao mundo externo, pois, uma vez que este sai de uma condição de homeostasia, na qual vivia em uma condição de simbiose com a mãe, terá que, a partir do momento que nasce, buscar meios de sobrevivência próprios e traçar a sua caminhada, para uma vida terrena vitoriosa.

A dependência desenvolvida pelo indivíduo desde o ventre da mãe irá produzir efeitos emocionais que poderão repercutir na personalidade dele, tal dependência deve ser trabalhada de maneira que o indivíduo seja separado da mãe de forma não brusca para que não se desenvolva nenhum trauma.

1.2. As atitudes revelam quem somos
Ao longo da vida, o homem se vê diante de diversas situações que o farão refletir acerca de si. Quem ele pensa que é e o que ele realmente se transformou virão à tona, por intermédio de suas próprias atitudes. Não adianta se apresentar como alguém de valor se suas atitudes não confirmarem esse fato (Mt 12:14-17). Os relacionamentos interpessoais sempre foram um grande problema para a humanidade. E no meio do povo de Deus não é diferente. Em muitos momentos, deparamo-nos com alguns irmãos que têm dificuldade em se relacionar. São pessoas que não valorizam o outro pelo fato de não valorizarem a si mesmas e que, por várias situações passadas ao longo dos anos, perdem o amor próprio se tornando amargas e intratáveis (Pv 26.4).

Ser verdadeiro é a melhor maneira de alcançar a credibilidade, mudanças de atitudes momentâneas causam insatisfação nos amigos e nas pessoas do convívio diário, abalando os relacionamentos interpessoais.

1.3. O valor do autoconhecimento
O autoconhecimento, segundo a psicologia, significa o conhecimento que o indivíduo tem de si mesmo. A prática de conhecer-se melhor faz com que uma pessoa tenha controle sobre suas emoções, permitindo-lhe evitar sentimentos de baixa autoestima, inquietude, frustração, ansiedade, instabilidade emocional e outros (Rm 14.22b). O autoconhecimento nos permite ampliar a nossa tolerância em relação ao próximo. Suas possíveis falhas e dificuldades de relacionamento são percebidas como algo aceitável, uma vez que enxergamos nossos defeitos. E assim aprendemos a avaliar a situação e o momento vivenciado pelo próximo antes de emitir qualquer comentário ou crítica. Ao demonstrar empatia pelo próximo, o indivíduo estará mostrando o seu lado mais sublime, demonstrando conhecer a si mesmo. Mas, para isso, é preciso que exista, em cada um de nós, o sentimento de amor próprio, onde desencadeará toda a sua significação para o mundo (Mt 22.39).

Quando o indivíduo resolve parar, objetivando fazer um autoconhecimento (análise de si mesmo), caso tenha um mínimo de criatividade, no meio de uma crise existencial curta, poderá surgir uma reação positiva, fazendo aflorar potenciais antes desconhecido por si próprio. Por exemplo, poderá nascer, de suas ações refletivas: uma mente empreendedora, desbravadora com muita criatividade e força de vontade. No entanto, caso essa crise persista, sua situação irá se complicar cada vez mais. Isso poderá se configurar em um conjunto de doenças da alma. Se o indivíduo não tiver força criativa e o desejo profundo de sair dessa crise, ela poderá evoluir para uma depressão e o sentimento de angústia poderá levá-lo a muitos caminhos tortuosos (bebidas, drogas, etc), podendo surgir, inclusive, pensamentos suicida.

2. AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO
O mandamento de Jesus “amar o próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39), implica em dizer que ninguém será capaz de entender as imperfeições dos outros, sem antes passar uma auto análise (Gl 6.3 e 4). Há, no meio do povo de Deus, muitas pessoas que, com muita facilidade, criticam os irmãos, entretanto essas mesmas pessoas seriam execradas por si próprias se olhassem para seus defeitos como se fossem os dos outros (1Co 11.28a).

O relacionamento com o próximo é melhorado, quando surge o desejo de vencer a crise existencial. É justamente no meio dessa luta que o indivíduo sente a necessidade de ser aceito, essa aceitação por parte do próximo irá contribuir, e muito, com sua objetividade de obter sucesso. Ninguém obtém sucesso empreendedor sem depender das atitudes de outras pessoas. Nessa busca pela aceitação, torna-se necessário uma atitude de empatia (se colocar no lugar do outro) para ter maior conhecimento sobre aquilo que é melhor para o outro que é seu potencial cliente ou admirador. Surge ai a necessidade de amor e valorização do próximo, uma vez que o indivíduo estará buscando sua própria valorização e reconhecimento, e uma coisa depende da outra como disse Jesus (Mt 12.33; 22.39).

2.1. A virtude de compreender o próximo
O texto sagrado “mas nós, que somo fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos” (Rm 15.1), mostra-nos que saber entender e suportar as fraquezas do próximo é uma virtude que deve ser cultivada. No entanto muitos não conseguem agir assim, por acharem-se incapazes de amar, uma vez que desenvolvem um sentimento de autocomiseração. A autocomiseração é, sem dúvida, uma enfermidade da alma que não permite que sintamos amor pelo próximo, uma vez que nos achamos os mais coitadinhos de todos. Essa enfermidade nos dificulta entender e aceitar quem nós somos e, ao invés de aceitarmos quem somos, sentimos pena de nós mesmos (2Sm 9.8).

A autocomiseração anda na contramão do amor próprio, este sentimento é visto como enfermidade da alma, principalmente porque, na maioria dos casos, leva o indivíduo a se acostumar com a situação que está vivendo, e muitas vezes, usa isso para comover os que estão próximos a ele.

2.2. O que fazer para ficar curado
O primeiro passo para nos livrarmos dessa enfermidade da alma, está em, justamente, entendermos o tamanho do amor expresso por Cristo em nosso favor, quando Ele diz que tem um novo mandamento (Jo 13.34). Ele não está desvalorizando o decálogo, ao contrário, está confirmando, uma vez que, em algumas de suas citações, Moisés literalmente diz que não devemos fazer aos outros o que não queríamos que fizessem a nós (Êx 20.13-17). Valorizar-se é a melhor maneira que o indivíduo tem para entender a necessidade do outro e expressar amor.

2.3. Como lidar com os nossos sentimentos
Quando o homem aceita sua verdadeira condição, aprende a lidar com os seus mais íntimos sentimentos. Especialistas afirmam que “aceitar-se é honrar o ser que você é”, e essa postura é consequentemente o início de uma boa convivência com o outro (At 10.26). A partir de então, o indivíduo busca controlar seus sentimentos, impedindo que estes venham dominá-lo (Gn 4.7). Tal prática permite ao homem enxergar os fatos como de fato o são e, assim, adquire maior capacidade para amar ao próximo como ele é e não como gostaria que ele fosse. Em muitas situações, encontramos pessoas capazes de negar amor por não quererem se expor; pois sabem que, ao fazerem isso, irão transparecer o que realmente pensam acerca de si.

Quando nos conhecemos e admitimos que não somos pior dos piores e nem pobres coitados, então aprendemos a lidar com isso, e aí passamos a ter consciência de que o amor de Deus em nossas vidas é capaz de nos livrar de todo e qualquer sentimento negativo, fazendo com que possamos nos conhecer o suficiente para poder expressar bons sentimentos em relação aos outros.

3. UMA HISTÓRIA DE AMOR
A Bíblia, nosso referencial de fé, aponta para a história de uma mulher que tinha tudo para sentir-se perdida e abandonada: Rute. Seu testemunho nos mostra como uma pessoa aparentemente sem valor pode se tornar uma peça importante no plano de Deus (Rt 1-4). Ao contrário de Orfa, Rute não temeu ficar com sua sogra, mesmo que isso pudesse significar o abandono total, tanto por parte dos moabitas quanto por parte de si mesma em favor de outrem. Esse tipo de amor só pode ser expressado por quem verdadeiramente se conhece e se ama (Rt 1.15-17).

3.1. A segurança de quem se conhece
A atitude de Rute demonstra segurança e determinação de alguém que sabe exatamente do que era capaz de fazer. Isso se torna claro quando, antes mesmo de saber das leis de Israel acerca da figura do remidor, não teve dúvidas, ao decidir-se permanecer ao lado de sua sogra Noemi. A moabita acompanhou-a, certa de sua atitude. Sua autoconfiança, certamente, já era a ação do Espírito de Deus em sua vida que lhe garantia a certeza e a coragem do controle do Eterno (Rt 1.1). Por isso, a jovem foi capaz de expressar um amor incondicional à Noemi. Embora não conhecesse intimamente a Deus para saber que estava sendo guiado pelo seu Espírito, sua atitude demonstrou segurança e o reflexo de uma personalidade que não tem dificuldade de doar-se em favor de alguém. Tal comportamento reflete autoconhecimento e amor próprio.

Quem se apresenta diante de Deus com amor no coração certamente será usado por Ele. Para expressão desse amor, o Senhor ainda hoje busca, na Terra, pessoas com tal sentimento suficiente para realização dos seus propósitos, no caso de Rute, foi assim; era necessário que a linhagem do Messias não se perdesse. Logo, Rute foi instrumento usado para que a geração não fosse interrompida, e isso se conseguiria através do amor por ela expressado.

3.2. O mais importante é o amor
O comportamento de Rute deixou claro que ela não tinha nenhum problema com sua autoimagem e qual deve ser a autoimagem do servo de Deus? (Gn 1.27; Ef 2.10; Jr 1.5; 1Pd 2.9). Uma estrangeira no meio de um povo extremamente conservador e cumpridor de suas regras. O fato de ela se aceitar como era, fez com que pudesse demonstrar um imenso amor. Infelizmente, não é raro, entre os cristãos, encontrar pessoas que se apresentam diante de Deus como pobres coitados. Tal condição não os faz capazes de atenderem ao mandamento de Cristo Jesus “amar o próximo como a si mesmo”, uma vez que demonstram claramente em sua própria fala não enxergarem seu valor pessoal. Essa condição jamais foi o propósito de Deus para o homem, pois Ele não deseja contemplar esse tipo de comportamento. Ao contrário, Ele é o primeiro a transformar a condição de vida daqueles a quem escolhe. O criador levanta o pobre do pó e da sepultura levanta o necessitado, para que o mesmo possa assentar-se com os príncipes (Sl 113.7 e 8).

Em alguns casos, é necessário que pessoas com dificuldade de aceitação busquem apoio profissional, pois, através do tratamento terapêutico, irão aprender a lidar com seu sentimento negativo em relação a si. O tratamento irá focar no reforço de sua autoestima promovendo a melhora sistemática do indivíduo, produzindo nele a capacidade de perceber e entender quem realmente é.

3.3. Reflexo de uma vida em amor
O desfecho da história de Rute demonstra o resultado de uma vida segura e consciente de si mesma. O amor ao próximo fez dela uma vencedora, pois o verdadeiro amor lança fora todo medo (1Jo 4.18). Por isso, mesmo sem nenhuma garantia de que sua vida ao lado de Noemi seria promissora, ela decidiu segui-la. Entretanto escolheu enfrentar todos os desafios de uma nova jornada, sem abandonar Noemi. O resultado foi surpreendente, pois Deus providenciou para ambas uma vida abundante de bênçãos (Rt 4.3-15).
Apresento aqui um comentário que considero importante. Em muitos casos que atendo no gabinete em meu consultório, recebo pessoas com relacionamentos afetados por falte de amor próprio, mulheres que sofrem violência familiar e homens que são desrespeitados por suas companheiras. Em ambos os casos, a fala se repete, “eu não posso viver sem ele, ou sem ela”, realmente isto é uma realidade infeliz e não irá mudar, pois essas pessoas, na verdade, não se amam, prova disso é que se permitem ser aviltadas, demonstrando que amam demais e não se amam. Não pode haver amor pelo próximo se esse não existir primeiro por nós.

O que será que Rute viu em Noemi que estava disposta a deixar sua família e sua cidade para segui-la? Com certeza era algo que nem ela poderia explicar, mas nos sabemos muito bem o que era; a fé de Noemi no Deus de Israel, Rute via algo na sogra diferente, que a cativava (quebrava a necessidade de aceitação) e a fazia sentir prazer de estar perto. Com certeza ela não era uma mulher chata e implicante com crise existencial, seu testemunho ganhou o amor de Rute que agora a tinha como mãe. Assim partiram as duas, confiando e refugiando-se nos braços de Deus, que abençoou a ambas, Noemi tinha Rute para poder cuidar dela pois já era idosa e não podia trabalhar. Rute casou com um homem de Deus e foi muito feliz. Rute teve filhos, imaginem agora a alegria de Noemi sendo avo e carregando um bebe no colo. Rute foi bisavó do rei David do qual segue a genealogia do Senhor Jesus. Não é fácil lidar com este tipo de sentimentos, a perda de um ser querido, a mudança drástica de vida, a sensação de sentir que esta sozinha, desprotegida e abandonada, a hora de fazer uma escolha e que passam mil coisas pela nossa cabeça, o medo do desconhecido. Parece que a pessoa fica sem chão. Mas quem nunca passou por alguma destas situações? Todas nos já passamos mas sempre o que nos ajuda a não ficar paradas no tempo. A chance dela contrair uma crise existencial era muito grande, mas Noemi tinha algo maior – ela tinha a presença de Deus em sua vida, e isto a tornava uma pessoa muito agradável e aceitável; é o amor incondicional de Deus que cura todas as feridas e nos motiva a seguir em frente. Quando achamos que tudo esta perdido, Deus nos mostra a luz no fim do túnel.

CONCLUSÃO
Quando nos dispomos a andar debaixo do mandamento do Senhor Ele providenciará tudo que for necessário para que tenhamos uma vida abençoada, daí a importância de nos aceitar como somos, pois só assim o Espírito Santo fará as mudanças necessárias para termos uma vida vitoriosa. Buscar ajuda de um profissional habilitado em questões emocionais também irá ajudar o indivíduo a se conhecer e se valorizar diante do Senhor.

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